Às vezes me engano achando que tudo passou por completo, mas sempre me volta essa antiga abstinência. Eu fico querendo você de repente entrando pela porta do ônibus, você sentando ao meu lado. Poderíamos começar tudo de novo? Nos conheceríamos e contaríamos as velhas e mesmas histórias, e os erros cometidos seriam evitados. Nos apaixonaríamos e descobriríamos o mundo novamente. Poderíamos? Será que você poderia me tocar com carinho e será que poderíamos trazer de volta o amor que morava aqui, o amor que uma vez foi levado de nós pela vida em forma de uns caprichos de uma garota mimada e confusa? Será que existe caminho de volta? Mas não, nenhum de nós dois iria querer isso. Não tudo de volta, não tudo igual. Não o mesmo de sempre e todas as implicações que vêm junto. Mas então como explicar esse pensamento lá em você? Essa lembrança vaga que vaga como fantasma por dentro de mim. Talvez seja porque você seja único. O único. É como se você tivesse um pedaço da minha alma, porque te mostrei ela. É como se fosse o nosso segredo. Talvez você tenha algum tipo de chave nas mãos – chave pro meu coração? Não sei, parece poético demais pra mim –. A verdade talvez seja que o nosso lar é sempre o nosso lar e certas coisas nunca mudam... Bem, pelo menos não até o tempo tratar de desfazer o nosso nunca, assim como fez com nosso pra sempre. Mas não faz mal, não. Que essa saudade já não amarga como antigamente. Já não corta, não perfura nem enjoa. Agora é só passado, mesmo, daqueles de anos e anos atrás. Não faz mal não, que eu já vivi o suficiente pra saber que esse resto de lembrança do teu rosto em minha mente, o tempo trata de levar também.
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